Friday, November 10, 2006

"À esquerda da indiferença" 88.1 FM - S. J. da Madeira

(Carregue na imagem para ouvir a rádio)
Terças-Feiras às 21:30
Na próxima terça-feira, 14 de Novembro, estreia na Rádio Regional Sanjoanense a minha crónica semanal denominada "À esquerda da indiferença", que será emita todas as semanas no mesmo dia e respectivo horário.
Nesta primeira crónica será abordada a temática da habitação social e delinquência juvenil.

Monday, November 06, 2006

Geração de 90

Um belo dia acordo e apercebo-me que a “minha” geração de 80, apelidada de rasca, abandona a paços largos a adolescência e começa a ter de enfrentar as vicissitudes da vida, ora os mais novos como eu no ensino superior ou no profissionalizante, ora os mais velhos num mercado de trabalho lotado e que poucas perspectivas oferece para aqueles que procuram a independência.

Posso dizer que me orgulho bastante da geração de 80, se calhar por ter sido a última a ter alguma consciência política e social, a mostrar resistência a muito do lixo comercial que nos tentaram vender e por não nos deixarmos seduzir por um mundo completamente desfasado de preceitos éticos e morais, em que hoje vemos cair os pré-adolescentes e adolescentes da geração de 90. Também durante a minha pré-adolescência e meados da mesma havia música sem qualidade e sem conteúdo, haviam séries televisivas e filmes que em nada contribuíam para a nossa formação, mas à parte disto sobreviveu sempre um espírito crítico intrínseco a uma geração que, no caso dos mais velhos, viveu anos quentes de luta contra as propinas no ensino superior e no caso dos mais novos, a luta contra a revisão curricular no ensino secundário. Na música, nascemos a ouvir Madonna, mas preferimos muitas vezes optar por Pearl Jam, System of a down e até os velhinhos Rage Against the Machine. Curiosamente esta nova geração esquece aqueles que faziam música com um propósito cultural, relança a Madonna e faz os D’Zrt venderem 130 000 discos só em 2005.

Na minha óptica uma geração espelha-se um pouco nos seus ídolos e certamente não seria exigível aos nossos adolescentes que ainda tivessem como ícones o Che Guevara, o Kurt Cobain, o Gandi ou o Andy Warhol. Também seria pouco razoável exigir que os jovens dos 11 aos 16 anos comprassem as colecções de filmes do Woody Allen e se deliciassem a ouvir as músicas do Jacques Brell. Mas em contrapartida não é aceitável que os mesmos idolatrem as personagens dos Morangos com Açúcar e da Floribella, decorem as músicas dos D’Zrt, futilizem as relações sexuais e acompanhem efusivamente todos os combates de luta livre americana, que qualquer criança da minha geração, na sua transição para a adolescência, começava a apelidar de palhaçada.

Hoje qualquer pré-adolescente sai todas as semanas até às seis da manhã de sábado com maior facilidade do que a minha geração conseguia convencer o pai a deixar-nos comer um Big Mac no centro comercial à tarde, ou a ir ao cinema de comboio ao sábado. Jantar com os amigos ao fim-de-semana e poder ir a um bar até à meia-noite deixou de ser uma conquista, esta geração quer aproveitar cada minuto como se fosse o último da vida e os pais consentem e promovem inconscientemente esta situação.

Basta observar o que as séries televisivas com maior sucesso nesta faixa etária incutem nos nossos adolescentes, que são afinal o futuro do nosso país. Temos o exemplo de uma tal de Floribella que encarna o espírito do Estado Novo da menina que vive bem porque é pobre, que tem um gosto horrendo, que tem uma paixão de conto de fadas, que tem um mau português e um sotaque nitidamente forçado, que é ignorante do ponto de vista das letras mas é uma jóia de miúda porque borda vestidos como ninguém e comporta-se sempre como uma bela fada do lar. Estamos pois perante o retrato robô do machismo lusitano, que idolatra a mulher sem qualquer tipo de formação académica, que cozinha e borda como ninguém e que vive um amor quase épico pelo homem mais velho, que ainda por cima pinta o cabelo de ruivo.

Já no que diz respeito aos Morangos com Açúcar o caso é mais complicado, são incutidas formas de estar, de vestir, de ser e de pensar que mais não são do que aquilo que a indústria televisiva quer vender, formando jovens incultos e sem ambições pessoais. Nenhum dos jovens daquela série televisiva é visto a discutir cinema, música de qualidade, literatura, arte ou assuntos académicos de relevo e o único que o faz é apresentado como crom(i)o e acabou de lançar um CD de música pimba. Bastar assistir a dois ou três episódios da série para nos apercebermos que nenhuma daquelas criaturas sabe quem foi Satre, Nietzsche, Rousseau ou Locke. A maioria provavelmente não faz ideia em que século viveu Mozart e se questionado sobre a nacionalidade do Papa João XXI diria que o mesmo era italiano. Com toda a certeza que a maioria dos espectadores desta série até viram o filme “O Crime do Padre Amaro” para observarem os seios da Soraia Chaves, mas não sabem que o livro que dá nome ao filme foi escrito pelo Eça de Queiroz.

As roupas desta geração tentam ser radicais o que é próprio de todas as gerações de adolescentes, o que não é comum é estas sendo radicais não terem qualquer conotação ideológica, para comprovar isso basta ver que um jovem na década de 70 andava com umas botas Dock Martins com o significado de admirar o movimento Punk, na década de 80 e 90 andar com umas calças Resina significava alguma ligação ao então insurgente movimento hip-hop norte-americano e agora o que significa um adolescente andar com uma t-shirt lilás rasgada, de decote em bico e a dizer “Puta Madre” em dourado? Talvez uma qualquer alusão ao Dino ou ao Cristiano Ronaldo.

O que é necessário reter é a necessidade premente desta geração de adolescentes não se transformar unicamente no espelho da futilidade do capitalismo selvático e sem preceitos culturais. Esta tarefa cabe não só às escolas que têm que começar a fomentar uma política de promoção cultural e literária, mas principalmente aos pais que têm a função de educar os seus filhos alertando-os para todos os males desta nova sociedade e fomentando-lhes o gosto pela descoberta e pela cultura. Como disse há uns meses atrás Maria Filomena Mónica numa crónica sobre a série Morangos com Açúcar: “Os pais que o conseguirem poderão orgulhar-se de estar a formar uma elite, cuja cultura não se baseia apenas em telenovelas, mas no que a cultura superior tem para oferecer”.

Thursday, November 02, 2006

Candidatura de Pedro Vaz à Federação de Aveiro da JS

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Jantar de apresentação da candidatura: Dia 4 de Novembro pelas 20 horas, Restaurante Veleiro na praia da Torreira - 10 euros
Festa da candidatura: Depois do jantar às 23:00 no Bar Controverso também na Torreira
(aberto a camaradas de todo o país)