Sunday, September 12, 2004

A política autárquica em São João da Madeira



Na semana passada li, neste mesmo jornal, um artigo do Sr. João Borges que demonstrava o sentimento geral da população, da nossa cidade, relativamente aos três anos do executivo de Castro Almeida. Os habitantes de São João da Madeira, nas últimas autárquicas, foram invadidos por uma campanha populista, agressiva e milionária por parte do PSD, que lançou um candidato de Escapães, encheu a cidade de cartazes e transpareceu aos eleitores a ideia de que seria o melhor presidente da câmara para São João da Madeira, anunciando que este traria uma maior dinâmica à cidade.

Qual será o sanjoanense que não se lembra dos cartazes colocados no rio a dizer que aí iria nascer uma praia fluvial? Ou os colocados na Praça Luís Ribeiro que anunciavam que iria ser feita uma casa da juventude em São João da Madeira? E os colocados em zonas menos centrais da cidade que diziam: “Aqui também é São João da Madeira”? Podemos também relembrar um panfleto da JSD que prometia a realização de uma feira do livro no concelho, a criação do cartão-jovem municipal, a reconstrução do cinema, a construção de uma “casa da música”, a criação da figura do “jovem criador sanjoanense” e a promessa de apoio aos “jovens empreendedores sanjoanenses”.

Podemos facilmente concluir que estas promessas não passaram disso mesmo e que reina um sentimento de desilusão na população da nossa cidade, que foi manifestamente traída por uma jogada de “marketing político” muito bem apadrinhada pelo poder económico. Sr. João Borges, partilho da sua tristeza ao observar a política autárquica de inaugurações de obras de fachada e arrepia-me constatar que temos um executivo camarário tão afastado dos cidadãos.

Por outro lado, discordo que toda a oposição de São João da Madeira seja “completamente amorfa e inactiva”. O Partido Socialista tem feito uma oposição combativa, construtiva e responsável, como mais nenhum partido. Em três anos de oposição o PS marcou a agenda política da cidade e soube construir um projecto e uma equipa que por si só são uma alternativa inovadora e credível de gestão autárquica. Gostava de lembrá-lo da visita de deputados do PS ao concelho para manifestarem e procurarem soluções para o desemprego e o agravamento das condições sociais e económicas em São João da madeira (Outubro de 2003), o apoio manifestado pelo partido ao Instituto de Línguas que viu a sua actividade posta em causa pela autarquia (também em Outubro de 2003), a denuncia da recusa de Castro Almeida em entregar a listagem do “pessoal político” contratado pela autarquia (Maio de 2003), o colóquio com Augusto Santos Silva e Filipe Neto Brandão sobre a “situação política actual” (Julho de 2003), a questão das áreas metropolitanas em que o PS defendeu sempre a integração da cidade em Aveiro (sendo que a cidade vai ficar 6 anos sem receber subsídios por Castro Almeida ter optado pelo Porto, juntando o facto de personalidades do PSD como Ribau Esteves e Marques Mendes defenderem Aveiro), o Dia do Jovem Socialista que só no torneio de futebol contou com a participação de quase 70 jovens do concelho (26 de Junho de 2004) e a excelente campanha desenvolvida pela concelhia nas eleições europeias, que acabou por ser expressa nos resultados eleitorais em que o PS obteve 52% da votação em São João da Madeira.

O Partido Socialista não sofre de nenhum sintoma de “inércia” nem está “encurralado” em nenhum “pequeno espaço” que ele próprio demarcou. Pelo contrário, encontra-se empenhado em construir uma candidatura autárquica combativa e dinâmica, que inove ao serviço dos cidadãos. Rejeitamos firmemente o populismo e a política das promessas falhadas, dos aspirantes a governantes que com gel na cabeça e bem apresentados percorrem as ruas da cidade (apenas em vésperas das eleições) para prometerem “mundos e fundos”. Sr. João Borges, se concorda com a nossa visão da política e acredita que é possível lançar uma candidatura séria à autarquia da nossa cidade, convido-o a si e a todos os sanjoansenses a juntarem-se ao Partido Socialista, para juntos elaborar-mos um projecto jovem e inovador para a São João da Madeira.


João Gomes
Jornal Labor

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