Friday, November 12, 2004

O porquê da existência dos políticos.

Depois de algum tempo de ausência, volto com uma pequena reflexão sobre política e, mais concretamente, sobre os políticos. É dito e sabido que a maioria da população tem uma má imagem dos políticos, que são tidos como carreiristas, que fazem da política um modo de vida, de sobrevivência e de promoção pessoal e social. Na verdade o justo paga pelo pecador e os bons políticos, desinteressados na sua carreira e trabalhando pelo bem comum, são postos no mesmo saco que outros.

Para elaborar um exercício reflexivo sobre o assunto, é necessário, em primeiro lugar, tentar perceber qual é a função dos políticos na sociedade e se eles são importantes ou não para o bom funcionamento do país. Os políticos, na minha opinião, têm um papel preponderante na sociedade, na medida em que devem fazer aplicar na governação a vontade geral da população. O problema é que isto, muitas vezes, não acontece e vemos inúmeros casos de clientelas partidárias que rodam a um nível alucinante pelos organismos governativos e empresas públicas, à medida que os governos se vão sucedendo, tal facto leva a que muitas pessoas que têm responsabilidades públicas sejam nomeadas, não pela sua competência ou vontade de servir as populações, mas sim pela sua cor partidária.

É urgente que as próprias pessoas que têm responsabilidades políticas façam um acto de contrição e percebam que a sua função social é ouvir os anseios, problemas e expectativas das populações, para posteriormente trabalharem em prol da melhoria da qualidade de vida das mesmas. E este assunto não pode ser encarado de um ponto de vista ideológico, pelo contrário, deve ser tido como um assunto ético, aplicável tanto aos políticos da esquerda como da direita.

Quando uma pessoa decide ter responsabilidades políticas deve assumir um desafio de trabalho e dedicação para com as pessoas que o elegem. É muito importante que se abandone uma visão redundante e errada de que todos os políticos são iguais, e é urgente que a juventude mostre que sabe inovar, ou seja, entregar-se à actividade política em prol do país e não em prol do seu sucesso profissional.


João Gomes
in Jornal Labor

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