Monday, May 15, 2006

Os sonhadores

Filme: Os sonhadores
Realizador: Bernardo Bertolucci
Disponível em DVD

Maio de 68. Um jovem californiano é enviado pela família para Paris com o objectivo de aprender a língua e perde-se na magia do cinema, frequentando assiduamente a cinemateca de Paris. Tempos mais tarde a mesma é mandada encerrar pelo governo, o que gera uma revolta juvenil que provoca acesas lutas entre os estudantes e a polícia.
O jovem americano vê-se, de um momento para o outro, envolvido num destes confrontos e lá conhece um casal de irmãos que o irá marcar para sempre. Em poucos dias muda-se para casa deles e descobre uma relação de incesto repleta de erotismo e sedução, onde o cinema, o maoismo e o gosto pela “culture de la gauche caviar” o fascinam mas ao mesmo tempo amedrontam.
Seguem-se dias e noites de sexo, discussão cinéfila, política e divagações sobre a vida e a guerra do Vietname. Duas culturas em choque, de um lado um jovem americano nascido a admirar os heróis da guerra, do outro um casal de irmãos, filhos de um importante intelectual parisiense, para os quais o filme perfeito incluiria os guardas de Mao, munidos de livros vermelhos e não de armas, a espalharem a revolução cultural pelo mundo tal como faziam na China.
Os dias repetem-se e o jovem ianque questiona-se cada vez mais sobre os porquês disto tudo, reinventa-se enquanto pacifista mas rejeita as teorias comunistas. Questiona os seus novos amigos e amantes sobre o porquê de se fecharem em casa em vez de estarem com os seus camaradas na rua. Não obtém nenhuma resposta.
Um dia, enquanto dormiam embebidos por vinhos caros e depois de mais uma noite de orgia, foram acordados pelo eclodir da revolução, que lhes havia entrado em casa. Saíram para à rua e juntaram-se aos jovens que empenhavam bandeiras vermelhas e gritavam que o poder estava na rua.
No meio da manifestação os seus novos amigos decidiram atacar a polícia com cocktails molotof, o jovem americano tentou alerta-los que isso também seria violência. Assim se separaram os três colegas, o ianque decidiu não ir, enquanto o casal francês continuou a lutar. Assim terminou o filme, ao som de Edit Piaf, com a magia de um cinema de intervenção que faz continuar a sonhar, sem precisar de nenhum descruzar de pernas para ter erotismo, nem de nenhum picador de gelo para ter uma acção forte e capaz de nos colar em frente ao televisor.

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