Saturday, October 28, 2006

pre_conceito

Um dos grandes problemas da política nacional é cada vez mais a desacreditação nos partidos, generalizados como oportunistas, falsos e preguiçosos. É algo sem dúvida preocupante mas que, numa sociedade que apesar de caminhar paulatinamente para uma condição mais adequada a um país desenvolvido continua ainda a ser constituída por pessoas que não conseguem ter uma visão desenvolvida dos fenómenos políticos, é perfeitamete compreensível.

O que, muito sinceramente, me causa maior perplexidade é perceber que grande parte dos estudantes do Ensino Superior (e muitos de Faculdades de Direito) sentem e pensam o mesmo e pior de tudo... não conseguem percebe-lo, preferindo optar por discursos portadores de um pensamento redutor sobre o assunto: "São todos iguais", "Isso não me interessa", "Só querem poleiro".

Alguns não sabem como é composto um partido, como funciona, nem o que defende ao certo mas como sabem como funciona o nosso sistema político julgam estar no direito de chamar todos os nomes aos políticos que o compõem. Sem tentar perceber o porquê das deficiências, ou percebendo-o recusando-lhe uma solução. Afinal é mais fácil usar as frases do costume que já exemplifiquei, acabar com eles e todos e depois se veria...

A mesma situação, e de modo ainda mais acentuado, acontece com as juventudes partidárias. Muitos de nós fazemos parte de qualquer uma delas. Para essas pessoas, para esses colegas, não passamos de alguém que quer ser Primeiro-Ministro (pelo menos...), possuímos uma ambição desmedida que nos permite vender a nossa mãe em caso de necessidade premente e não olhamos a meios para atingir os fins. Isso deixa-me triste. Não porque ache que as jotas e os partidos sejam perfeitos, longe disso: a jota a que pertenço tem muitas das debilidades que também afectam todas as outras e o meu partido às vezes só me desilude enquanto máquina partidária, coisa que acontecerá também com todos os outros. Deixa-me sim triste porque essas pessoas não percebem ou não querem perceber que existe gente disposta a trabalhar desinteressadamente, que simplesmente se identifica com valores comuns a uma jota e por isso sente-se motivado e empenhado em participar nas suas actividades.

Este preconceito é sem dúvida gravíssimo vindo de alunos inteligentes como certamente serão os da Faculdade de Direito de Lisboa. Às vezes nem acredito no quão longe conseguem levar uma ideia pré-concebida que parecem acreditar religiosamente mas que, se pensarem 5 minutos, percebem ser tanto irreal como injusta.

3 comments:

Gustavo Gouveia said...

A verdade, moço, é que ninguém nos compreende... =X

RICARDO PITA said...

quem frequenta a fdl tem noção de que aquilo que descreveste se passa, exactamente, dessa forma na fdl.

Лев Давидович said...

Um pouco contra ti, acho que tens 50% de razão, pelo que terás 50% de erro.
Há pessoal que entra para as Jotas.Desse pessoal, podemos dividir dois grupos: os que se interessam pelos problemas e querem combatê-los, sejam coordenadores, sejam um simples número e os que entram para não serem mais um e fazerem vida profissional de político que nada faz.
Na FDL, com a força histórica que esta tem, tudo começa a ganhar forma. E também lá, os que participam na vida do associativismo académico, são de dois tipos, os mesmos que os que entram nas Jotas. Portanto, ainda que tenhas uma boa ideia de todos os políticos "bebés" da academia, não te censuro, até porque te conheço e tens objectivos mais interessantes e capazes de mobiliar. Mas não tenhas a ilusão que ali está tudo de boa fé, porque está é tudo com o interesse a falar ao ouvido.