Sunday, August 22, 2004

Jovens Socialistas Mantém-se Neutrais para Preservarem Autonomia em Relação ao PS



O Pedro Nuno está a ter uma posição bastante correcta sobre este assunto. É urgente que se debatam ideias e propostas concretas para a juventude e para o nosso país e não nomes. Esta é uma verdadeira JS que inquieta!

A Juventude Socialista (JS) não apoia oficialmente nenhum dos três candidatos ao cargo de secretário-geral do PS, preservando uma posição de neutralidade até ao final do próximo congresso dos socialistas, no início de Outubro.

O recém-eleito líder da JS, Pedro Nuno Santos, garante em declarações ao PÚBLICO que a JS "não vai envolver-se" na campanha para a eleição do próximo secretário-geral do PS, remetendo-se apenas a uma tarefa de "contribuição para o debate político" e de apresentação de "propostas concretas". A JS está neste momento a redigir um documento com diversas reivindicações que pretende apresentar às três candidaturas no início do mês de Setembro.

De acordo com Pedro Nuno Santos, a JS é uma "organização autónoma" do PS e "assim deve continuar". Ao não tomar uma posição de apoio a qualquer um dos candidatos, a JS pretende "preservar essa autonomia", assim como "as boas relações" com o futuro secretário-geral do partido.

"Achamos que não nos devemos envolver, tal como não queremos que o PS se envolva nas questões internas da JS", sublinha o secretário-geral da JS, acrescentando que é dessa forma que a JS "encara a sua autonomia" relativamente ao PS. Na sua opinião, o apoio formal a qualquer um dos candidatos poderia vir a suscitar divisões internas na JS, uma vez que "não existe unanimidade" quanto ao melhor candidato.

Instado a declarar se apoia a um título pessoal algum dos candidatos, Pedro Nuno Santos confessa que nutre preferência por um candidato, mas prefere não o revelar pois "é muito difícil não confundir a minha posição pessoal com a posição da própria JS".

Pedro Nuno Santos realça que a questão da neutralidade "foi debatida" no último congresso da JS, realizado na cidade de Guimarães em Julho passado, onde foi eleito como o novo líder da estrutura, sucedendo no cargo a Jamila Madeira. "Acho que era consensual" a posição neutral, afirma.

O candidato a secretário-geral da JS derrotado no referido congresso de Guimarães, Luís Filipe Pereira, encara a posição de Pedro Nuno Santos com "normalidade". Sublinha, no entanto, que teria sido "interessante" que os candidatos do PS tivessem sido chamados a uma Comissão Nacional da JS para serem ouvidos sobre as posições de cada um, não só relativamente à JS mas também acerca do que "cada um deles pensa para o país, para a Europa e para o mundo". Luís Filipe Pereira entende que isso "não prejudicaria a autonomia da JS".

Em 1992, o então secretário-geral da JS, António José Seguro, apoiou a título pessoal a candidatura de António Guterres a secretário-geral do PS, numa disputa com Jorge Sampaio pela liderança do partido. António José Seguro, actual líder parlamentar dos socialistas, explicou ao PÚBLICO que na altura se reuniram os órgãos da JS para decidir se os seus membros se deveriam manter "neutrais" ou "participar activamente" na eleição do novo líder do PS. "Estávamos todos nessa última lógica", afirma Seguro, considerando que essa posição "não enfraqueceu" a JS.

A maioria das estruturas distritais da JS subscrevem, contudo, a posição neutral defendida pelo secretário-geral. Não obstante, pelo menos as distritais da JS de Coimbra, Açores e Castelo Branco agendaram a realização de comissões políticas para as próximas semanas, das quais poderão resultar declarações de apoio a um dos candidatos.

Gustavo Sampaio e Catarina Pereira
PUBLICO

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