Tuesday, December 05, 2006

Debate da I.V.G. promovido hoje pela Lista S - AAFDL

Em primeiro lugar gostava de dar os parabéns à Lista S pela iniciativa e ao magnífico painel de oradores que hoje à tarde estiveram no Anfiteatro 8 da Faculdade de Direito de Lisboa a debater a problemática do aborto. De salientar ainda o número de pessoas que estiveram e passaram por esta iniciativa da Lista S, que deve ter rondado seguramente o meu milhar de colegas.

Quanto ao debate em si gostava de tecer algumas considerações relativamente a estes pontos:

- Abordou-se excessivamente a problemática religiosa do ponto de vista da religião católica, o que a mim como agnóstico pouco me sensibliza.

- Falou-se muito pouco na liberdade de escolha da mulher, sendo que a mesma deveria ser o tema central da discussão.

- No que concerne à discussão jurídica a única conclusão a que se chegou foi que se o direito regula os bolos reis, também deve regular esta problemática. Convinha lembrar que no referendo ninguém pretende liberalizar o aborto por completo, logo o direito continua a regular a i.v.g. na mesma.

- Os argumentos dos oradores do NÃO resumem-se a aspectos relativos à moral, esquecendo-se que não cabe ao estado impor uma moral, muito menos católica, aos seus cidadãos. No que diz respeito ao feto ser ou não um ser vivo, vi muitos argumentos científicos e muito pouco filosóficos. Talvez estes senhores devessem aprofundar mais Satre e os autores existêncialistas, para perceberem quando efectivamente "existe" um ser humano.

- Por fim, acho que todos os oradores se esqueceram que quer se aprove ou não esta lei, o aborto vai continuar a existir, com a diferença de que se a mesma for aprovada será em estabelecimentos hospitalares autorizados, enquanto que se o NÃO ganhar o referendo, continuará a ser em Badajoz para as mulheres que têm dinheiro e em vãos de escadas para aquelas que não têm e que vão continuar a morrer, a ficar com problemas de saúde gravíssimos e a serem presas injustamente.

1 comment:

Gustavo Gouveia said...

Mano Gomes, mais uma vez peço imensa desculpa por não ter ido mas fico mesmo contente por saber que foi um sucesso. Já sabes que da proxima vez contas comigo sem duvida.
De resto, a problemática católica (não emprego religiosa porque seria errado para todos os adeptos de oturas religiões) não devia ser central se tivermos em conta que vivemos num estado laico e num país cada vez menos católico.
Quanto ao aspecto filosofico da coisa, vida ou não vida, é ridiculo tendo em conta que nunca ninguém quis discutir se o Aborto esá correcto ou não. sou o primeiro a opor-me a não ser que, no entender da mulher, não haja alternativa possível. Discute-se se o estado não tem a obrigação de fornecer um método á mulher de evitar os 9 meses da gravidez, ao invés de a julgar e punir.
Porque o aborto existirá com os mesmos numeros que existe agora. Não há mulheres que deixaram de abortar por ser ilegal. Mas daqui em diante (confio mesmo nisso) poderão fazê-lo com as condições técnicas suficientes para que o risco de saúde e a humilhação deixem de existir.