Friday, December 29, 2006

Literatura de férias (3)

“D. Duarte é uma personalidade que prima pela correcção de atitudes e por um relacionamento extremamente afável e bem-educado. Tudo isso tem vindo a ser reconhecido. É um patriota, como tem mostrado ao longo dos anos e, nomeadamente, ao procurar manter excelentes relações com os povos das ex-colónias e, em especial, com Timor-Leste.”
(Mário Soares)


Como é bom voltar a ter tempo e disposição quer para ler, quer para escrever e comentar na blogosfera. Neste momento vou no meu terceiro livro estas férias, que é a biografia do pretendente ao trono português D. Duarte, chefe da Casa de Bragança. Esta obra é da autoria do Professor Mendo Castro Henriques da Universidade Católica e traça-nos o retrato de um homem simples que o acaso ditou nascer rei sem trono, mas que nem por isso deixou de ter um papel activo na representação externa de Portugal e no estudo da nossa história, da nossa língua e da nossa cultura.

Não é a primeira vez que leio sobre D. Duarte de Bragança, já havia folheado várias entrevistas do mesmo, umas mais interessantes que outras é certo e li ainda uma breve biografia escrita por Palmira Correia, publicada em 2005 e que conta com um apaixonante prefácio da Teresa Costa Macedo. No que já li deste recente “Dom Duarte e a Democracia” e no que já havia lido noutros sítios, fiquei com a sincera opinião de que estamos perante um homem de uma sensatez invejável e de um sentido pátrio difícil de encontrar e mais ainda, fiquei com a plena noção de que estamos perante um dos poucos pensadores portugueses sobre o mundo da Lusófonia.

Se a esquerda, na qual me insiro inequivocamente, mantém o dogma, juntamente com alguma direita bacoca e pouco informada, de que D. Duarte é apenas mais um produto da imprensa cor-de-rosa, eu acho que já ultrapassei esse preconceito. Temos aqui aquilo a que chamamos no direito um “bonus patter famílias”, ou seja, um português médio, mas ao mesmo tempo extremamente lúcido das reais necessidades do nosso povo e que mantém acesa a chama de um tradicionalismo saudável e não retrógrada.

2 comments:

mch said...

Caro Leitor
Numa pesquisa de férias sobre o eu livro encontrei o seu post.
O que eu mais gostrei foi que V. não tem qualquer sectarismo. E mais. Ser de esquerda, no socraticocavaquismo, é difícil. E por dizê-lo com serenidade como diz, parabéns!

Gustavo Gouveia said...

Gomes, tens de concordar que a imagem que só se ouve falar do D. Duarte pelas revistas cor de rosa, e que não é errado por isso ter a ideia de que ele não é mais do que isso: uma revista cor de rosa